Ponte Romana de Piscais


Situada no lugar de Piscais, ainda hoje é atravessada todos os dias quer por pessoas, como por veículos motorizados. Um maravilhoso exemplar romano situada no lugar de Piscais, de três arcos com os respetivos corta águas, que atravessa o Rio Corgo. A ponte fazia parte de uma importante via romana que atravessava a Península Ibérica, via esta que passava nas imediações de Panóias e que atualmente não faz jus, como as fotos nos indicam, à importância que em tempos teve.

Está Classificado como IIP – Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 129/77, DR, I Série, n.º 226, de 29-09-1977

A denominada “Ponte de Piscais”, de origem romana, ergue-se sobre o rio Corgo, nos arredores de Vila Real. 
Após o término da guerra despontada no século I a. C., o território peninsular integrante da realidade político-cultural do Império Romano pôde, por fim, considerar-se pacificado, permitindo o florescimento dos principais núcleos habitacionais, ao mesmo tempo que o desenvolvimento económico das suas diversas regiões. Encontrada a paz, houve tempo para executar uma série de projetos arquitetónicos consubstanciados do modus vivendi imposto e seguido por Roma. 
Como parte essencial de toda esta conceção, a área do atual concelho de Vila Real assistiria a um empreendimento construtivo verdadeiramente extraordinário na sua História, sendo que alguns vestígios dos seus exemplares ainda se visionavam no século XVI, mesmo que reutilizados nos panos de muralha da cidade, no âmbito de uma prática assaz ancestral, tal como antiga era a exumação frequente, por parte de agricultores locais, de variados elementos estruturais de origem romana. 
Esta valorização fez-se, sobretudo, sentir após o Édito publicado durante o Império – 69-79 d. C. – de Tito Flávio Vespasiano (9 a. C.-79 d. C.), que concedera a diversas cidades hispânicas a cidadania romana per honorem, por força do direito latino, o que, por si só, seria um bom indicador da existência de uma certa vivência urbana, decerto originada e reforçada pela presença de militares romanos. E, na verdade, terão sido vários os legionários que, cessado o serviço militar, se estabeleceram em terras lusitanas, mandando edificar sumptuosas e prósperas villae. 
Foi nesta altura que se observou uma acentuada prosperidade nos meios de produção primários, a par de um notório florescimento comercial, naturalmente acompanhado de uma série de melhoramentos operada nos principais sistemas viários do amplo território ibérico, cujo domínio se tornava absolutamente imprescindível ao sucesso da romanização dos seus vastos termos, num processo que atingiria o seu auge durante o Império de Marco Úlpio Nerva Trajano (53 a. C.-117 a. C.).- 98 – 117 -, o primeiro peninsular a ocupar o trono imperial romano.

Datará, de facto, desta época o incremento observado na via que passava nas imediações de Panóias, da qual faria parte a ponte construída sobre o rio Corgo. 
Tendo sido objeto de uma remodelação em plena era filipina, no século XVII, a ponte estabelece atualmente a ligação entre o termo de Ponte, na união de freguesias de Mouçós e Lamares, e a aldeia de Flores, pertencente à união de freguesias de Borbela e Lamas de Ôlo.

Situada numa área rural, onde o rio possui margens baixas ladeadas de campos agrícolas delimitados por muros e algumas residências, o imóvel possui quatro arcos de volta perfeita de dimensão variável e três talha mares de contorno triangular, para além de quebra rios rectangulares a montante. Quanto ao tabuleiro, ele apresenta-se ligeiramente inclinado, lajeado e com guardas de cantaria granítica.